Se eu morrer,
você tem que viver
para contar a
minha história;
para vender as minhas coisas,
para comprar algum papel,
e alguns fios,
para fazer uma pipa
(que seja branca com um longa cauda)
para que uma criança,
em algum lugar de Gaza,
olhando o céu,
esperando por seu pai que
se foi numa chama
sem se despedir de ninguém,
nem mesmo de sua própria carne,
nem mesmo de si mesmo,
veja a pipa, a minha
pipa que você fez,
voar lá no alto
e pense por um momento
que um anjo esteja ali,
para trazer de volta o amor.
Se eu morrer,
faça com que eu traga esperança,
faça com que eu seja uma história.
Poema do Refaat Alrareer, palestino morto por um bombardeio israelense em 6 de dezembro de 2023.