Karênina ou Traças têm Bom Gosto!
Receio,
Que antes que partas,
Não arrumes teus laços;
Não ates teus cadarços;
Nem arrumes teus cabelos;
Não arrumes teus vestidos;
Nem te lembres do meu nome nos tecidos,
Nos teus bordados.
Receio,
Que após tua despedida ter,
Não possa mais te ouvir;
Não possa mais te ver;
Nem possa nunca mais te sentir;
E disto fique a desejar somente o querer.
Creio,
Que finda aqui as tuas juras;
Que finda aqui nossas amarguras;
Que finda então a presença dura;
De toda troca de candura;
De toda a troca que me cura.
Karênina;
Tu és mais que maravilha;
Tu és mais que armadilha;
És mais que formosura;
És mais que simples literatura.
És um terrível vazio na estante.
E isso não preencho nem com um infante.
Karênina;
Perdoes se lágrimas derramo com gosto,
Se nem tudo de ti aqui está posto,
Apenas te peço que não faças
O que me fazem as malditas traças:
Comeram tuas páginas dando-me um maldito desgosto.
E agora, as letras que te sobram, no lixo está posto.
Minhas últimas palavras são as que me servem de consolo:
Ao menos as traças, por livros, têm bom gosto!
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