Deve existir algo em mim que esteja no seu lado normal
Deve existir em mim
Uma esperança vital
Que me faça crer
Que o mundo não é o que vejo
No seu lado normal
Que as pessoas não são o que percebo
E que o lampejo da dor
Não encobre tudo aquilo que desejo
Em meu prazer habitual
Deve existir em mim
Algo que me faça nobre
Algo que lave esta lama suja que em todos sobe
Algo que seja forte
Deve existir em mim
Algo que continue me empurrando
E que me faça continuar derrubando
As barreiras desse mundo menor
Deve existir em mim
Uma crença real
De que tudo que me abala
Me faz realmente mais resistente
Deve existir em mim
Em meu estado normal
Deve existir em mim
Algo que seja remédio formal
Para curar as amarguras
E anormalidades que a vida me impõe
Deve existir sim
Ao menos uma célula pura
Ao menos algo que cura
A ferida no chão da terra deste meu lado ocidental
Deve existir sim
Uma pessoa normal
Que não sinta revoltas inúmeras
Que não finja amar o que vive
E que seja enfim o que é
Deve existir algo em mim que esteja no seu lado normal
Que se expresse pela via natural
Que não seja amoral
Deve existir sim
Algo em mim
Que não seja
Banal
*Poesia Vencedora do XIX Concurso Internacional de Literatura de Outono*
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