Alugo-me para sonhar
É neste pequeno espaço
entre o vago, o mudo e o silencioso
que me encontro.
É nesta ínfima gota d’água que pinga e respinga,
molhando veementemente minha alma,
que me faço um ponto.
Eu desejo
e ensejo
a mais pura, expressiva e etérea verdade
sobre tudo aquilo que está na face
desse nosso mundo Shakespeareano.
É neste pequeno espaço que me faço mundano.
Sou promíscuo, sou devasso, sou insano;
Sou omisso, sou nefasto, sou profano.
E quantas vezes tive que ser este ser sem graça?
Um ser que se apavora
e adoece
e adormece
e enriquece
e empobrece
e engole
o que é pra se pôr pra fora?
Empresto o meu vago,
o meu mudo e silencioso ser
para ser outras pessoas.
Empresto tudo aquilo que observo
e tudo aquilo que serve, de mim,
para criar outras pessoas.
Alugo-me para sonhar
e para achar que a vida é boa.
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